Para Dirceu, Sou Marilia.
Para Leonardo, sou Monalisa.
Para Caminha, sou índia.
Mostro minhas vergonhas para ser bem descrita ao rei,
Como ouro nunca encontrado em Portugal.
Sou branca.
Esculpida do mármore mais gelado e pesado que o servo do artista consegue carregar.
Sou prostituta noturna de cabarés perdidos pelas ruas.
Sou branca, estou nua, e ainda assim sou brasileira.
Tenho olhos de ressaca.
Te arrasto, te puxo, te chamo pra brincar...
Vamos, me faça uma trança...
Leio romances de mulhersinha,
Me chame de madame, por favor.
Gosto que se refira á mim assim, servo meu.
Sou Rita, Ana, Laura, guerreira, amante, lapis de cor, alfinete...