sexta-feira, 28 de novembro de 2008


Eu sinto a falta de alguém que não merecia,
talvez até mereça um pedaço meu dentro de si, mais hoje, hoje eu não quero pensar nele e em nenhum pedaço do seu corpo.
Hoje eu queria falar de meus (de)lírios.
Havia uma muda, desta planta na casa de dona Odila, velhota corcunda, fazia ensopado e biscoito e mandava pras vizinhas.
Ela me entregou. Ainda não tinha flores. Plantei eles em um vaso preto.
Os lírios, de dona Odila, era brancos, talvez fisessem parte de sua alma.
A casa dela era branca, era limpa e tinha cheiro de avó. Cheiro bom, de café, biscoito e (de)lírios. Talvez pela limpeza da casa eu também achasse que ela tinha a alma limpa.
Em meu vaso preto, acabou por nascer um botão. Um botão vermelho, estranho, pois a muda era branca.
Ao me entregar a muda Dona Odila disse: "Você precisa destes Lírios. Vão enfeitar a frente da casa."
Eu queria, eu queria um pouco de branco em minha casa cinza de poeiras.
Mal sabia eu, que precisava mesmo era do vermelho, sangue, sangue quente.
Aquele botão foi crescendo, e eu tinha sede dele.
Sede de sua beleza, não saia de casa sem contemplar os (de)lirios vermelhos.
Queria levar uma muda pro trabalho, plantar em um vaso, e colocar em cima da mesa.
Não adiantaria, Tolice, ali nasceriam branco novamente.
Vermelhos seriam somente em frente minha casa.
Os lirios de Dona Odila já deveriam estar desbotados, por isso brancos.
Brancos, cor de alma?! Nunca.
Branco cor de desgaste. Branco cor de quem inventa biscoitos só para ver outras pessoas.
Hoje, somente ele me alimenta. Ele, O meu (de)lírio.
Ele de mim nada sabe, só passo por ele ao passar pela garagem.
Mas sinto sede. Sede de vermelho, vermelho sangue cor de (de)lirios.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Minha vida secreta


Poesia:
Já fazem algumas semanas que não tenho delírios,
Já não volto mais aqui, para falar de mim.
Nem gosto de falar de mim, aqueles que sabem sobre o que sinto sabem só da metade, pois o restante se entala na garganta e não sai nem sobre reza brava.
Ninguém sabe quem eu sou, ninguém sabe o que eu sinto dentro e fora, ninguém sabe no que eu penso antes de dormir.
Será que poderiamos falar um pouco sobre mim hoje, é que não me sinto tão á vontade, algumas coisas estão me incomodando cá em meu peito.
Na verdade, nem tenho tantos problemas, e talvez esta falta de problemas seja o maior problema que eu tenho.
Tenho tantas vontades quanto tenho fios de cabelo, E olha...Talvez a verdade engasgue na garganta as vezes não por ser assim que eu quero, mais por ser assim que eu sinto...
Guarde o pouco que sabe, minhas mãos brancas jamais voltarão a acariciar teu pescoço, meus lábios não irão mais encosta nos teus de leve, quentes....Não deixarei mais meus cabelos presos, mudarei minha rotina,conduta... Me avise, se quiser de mim algo sério, agora já sei que pra você não sou mais uma caixa fechada com segredos, minha chave já descobriu onde guardei... Você foi meu maior erro, Meu maior vampiro, meu maior morcego....

sábado, 22 de novembro de 2008

Malory-Parte VIII- Final


Ela não me olhou nos olhos, simplesmente desviou-se e pôs-se a correr.
"-Onde vai?...Malory...Pára...."
Correu até o banco. Aquele banco que a encontrei chorando, lá estava ela, denovo, era a mesma cena da semana passada.
"-O que você tem...?"
"-Nada...E nunca....NUNCA! vou ter...."
"-Malory...Ah...Me explica vai!O que tá acontecendo?!...."
"-Escuta, só escuta ok?!...Não está acontecendo nada, nem comigo nem com você...Nem...Nem com nós dois...."
"-Malory..."
"-Não fala...É sempre assim, ninguém me deixa falar! todo mundo acha que estou faliz o suficiente, mas não estou, entende?! Faz uma semana que estamos saindo, e você...Você...Você já me ama sabe?!"
Meu estômago deu uma cambalhota ao ouvir estas palavras...Eu amava Malory... Em uma semana, eu já poderia dizer á ela que a amava. Por mais que parte de mim sentisse que não poderia admitir tal acontecimento, a outra metade sabia que ela estava certa...
"-Isso não é verdade..."
Ela me olhou com cara de deboche.
"-Não, não é verdade.... Você está indo pensativo pra algum lugar que não sabe... Entende uma coisa: Eu não quero alguém que me ame."
"-Mas...Eu não te amo...Faz só uma semana que te conheço."
"-Você olha pra mim á mais de dois meses. Acha que eu nunca te encherguei é?!"
"-Malory...Eu, não entendo...Nem uma semana...."
"-Escuta, você é só mais um cara igual aos outros que me ama. Eu não quero isso pra mim, sei que não é sua a culpa. Mas, isso vai ter que acabar..."
"-Mas por que?! Heim?! Você acha que eu não posso te fazer feliz é isso?! Que você é linda demais pra mim, é?"
"-Não, EU não vou te fazer Feliz."
"-Fez até agora...Por que não fará mais..."
"-Foi só uma semana... Ninguém que eu tenha conhecido em uma semana me fez feliz..."
"-Mas você nem me conhece direito..."
"-E não quero conhecer..."
Ao ouvir aquelas palavras, saí andando, e a deixei...lá naquele banco de praça onde, tudo começou, onde tudo terminou, e talvez até começasse denovo. Qual era o segredo de Malory?! Se o leitor ainda não descobriu, deve estar muito confuso...
Malory, não queria ser como as outras...Não queria amar como as outras...Nem se sentir feliz...
A nota no pescoço era só um aviso. Quem iria chegar perto de alguém que não sabia amar?!
Ao subir no palco Malory estava amando, e nem sabia. Não era um humano como ela, nem algo tocável, mas estava. Fechava os olhos pra que ninguém conseguisse ver o que tinha no coração... Os olhos dizem muitas coisas, amigo...
E eu, aah... Foi uma semana difícil de se esquecer...
Porém, hoje, "Eu não ligo pra nada que me lembre a cara de Malory...."


"Chore se acaso descobrir que alguém aqui vive sem você, mesmo que seja tarde demais pra você saber...."

domingo, 16 de novembro de 2008

Malory-ParteVII





No dia seguinte, fui buscá-la na escola, mas Malory não estava no portão me esperando com um sorriso, nem sequer estava na rua. Achei que talvez, estivesse faltado á aula. Resolvi passar na casa dela.
"-Olá Malory está?!"
"-Não, ela ainda não chegou da escola!" - me respondeu uma voz feminina vinda do interfone.
"-Obrigado!"
Onde estava Malory? Naquela tarde fui trabalhar pensando nela, será que estava fugindo? é o ponto certo para lhe informar caro leitor, que Malory, não é mulher o bastante para fugir daquilo que ela (e só ela) consegue chamar de "problema" O que é um problema para Malory?! Ainda não enchergou? Parece-me me tão óbvio já neste ponto da história. Pois bem, se ainda não enchergou vou deixar que enchergue por si só, Não posso lhe tirar o direito de bancar o detetive. Continuemos....
Ao sair do trabalho tive que passar pela praça, aquela mesma praça onde falei com ela pela primeira vez. Sentei-me em um banco, não queria ir pra casa.
Queria ir atrás dela.
Comecei a caminhar... Eu não conduzia meus pés, eles tinham vida própria. Olhava para o chão pensativo, até me deparar com pés que me pareciam conhecidos... Ergui a cabeça.
O leitor sabe com o que me deparei ao finalmente colocar meus olhos em foco!? Com cabelos vermelhos, olhos cheios de lágrimas, um desespero ao qual eu jamais tinha visto.
"-Malory..."

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Malory-Parte VI

Passamos dias juntos naquela semana, ela me passou e-mail, telefone. Estávamos nos vendo todos os dias, eu a buscava no colégio, levava pra casa, a via á noite, queria estar com ela á tarde também, mas o trabalho não deixava.
Eu estava á apenas uma semana junto de Malory, e já pensava em casar, ter filhos, sonhava alto. E ela, aah, ela parecia tão feliz, todos os dias me esperava com um sorriso no portão do colégio.
Tudo estava tão perfeito. Em uma semana.
No fim de semana, resolvemos ir para uma cidade vizinha, onde a banda de alguns amigos iriam tocar. Todos os amigos me elogiaram ("Ae, pegou a ruiva heim?!..Mas toma cuidado viu, ela é bonita demais pra estar com uma cara como você!"). Nem eram tão bons assim os elogios, mas eu os aceitava como elogios, e eles nem eram pra mim, eram para Malory.
Naquele show, Malory denovo, não desgrudou os olhos da banda. Por nenhum momento. Ficava estática, nem falava comigo direito, não me dava a mínima atenção. Pensei ser apenas o jeito dela, não olhar nem para os lados quando uma banda tocava, era uma característica que eu já havia notado á tempos. Chegaram as amigas, e ela nem me apresentou. Mas eu não ligava, não queria as amigas, queria Malory. No fim do show fui chamá-la para ir embora.
"-Aaa, acho que vou ficar por aqui mais tarde irei com Dase ou Yuri, não sei ainda."
"-Aa, tudo bem, eu posso ficar também!?"
"-Não sei estavamos pensando em ir para a casa de um amigo que mora aqui por perto. Aah, me desculpe."
"-Tudo bem, te busco no colégio essa semana!"
Fui dar um celinho em Malory, nesse momento, o sorriso de Malory se desmanchou no rosto, e ela me empurrou como quem queria dizer "Sai daqui seu garoto fedido" torceu o nariz e caminhou em direção aos amigos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Malory-Parte V


"-Então Malory, você tem uma banda ou só faz participações especiais?!"
"-Não, não sei o suficiente para poder montar uma banda.Mas estou aprendendo."
"-Mas, você é boa!"
"-Você acha!?"
"-Sim!"
"-Que gracinha!"
Fomos caminhando até chagarmos a um bar, lá nos sentamos, e Malory começou a me contar sua vida.
"-...E foi assim sabe?! Sem querer mesmo, que descobri que não sirvo pra fritar ovos nem passar o dia na cozinha! Minha mãe odeia isso, diz que nunca vou poder ser dona de casa! Mas ela não sabe, que eu não quero mesmo ser uma dona de casa, consigo ser mais que isso!"
"-Estranho! Toda menina sonha em constituir uma família!"
"-E quem disse que eu quero ser igual as outras meninas!? Minha vida é mais que isso! É uma roda gigante sabe? Alguns sonhos estão lá em cima, sei que não dá pra alcançar, mas, é claro que a parte de cima da roda é a mais divertida! E outros estão aqui em baixo, onde até sem levantar os pés eu consigo, mas estes eu nem dou tanto valor!"
"- Você, é realmente diferente!"
"-Sou não sou?! Mas eu sei que existem muitas outras iguais a mim por aí!"
"-Mas não tão lindas quanto você!"
Denovo Malory ficou vermelha, e as palavras pareceram lhe sumir pela garganta á baixo, e foram todas engolidas, todas estavam ali, no seu estômago, e as minhas também se esconderam! Palavras traiçoeiras são assim, se escondem sempre que acham que não é a hora de dizer nada, mais este é o momento em que se fala tudo.
Ela se aproximou de mim, nossos lábios se tocaram, ela tinha os lábios quentes, como a cor de seus cabelos, e me deixavam em puro êxtase, como a cor de seus olhos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Malory- Parte IV



A nota musical, para mim, era somente uma tatuagem. Para Malory, tinha seu significado. Mas como eu, não quero estragar minha história, vou deixar este significado, para o momento em que lhe for merecido neste conto: o final. Naquela noite, algo havia mudado em minha vida, e eu, por si só, começava a notar as diferenças, ali mesmo, naquela mesa de bar. As garrafas de cerveja iam se esvaziando, porém meu copo continuava cheio, assim como minha cabeça e meu coração. Até o momento em que me enchi daquilo tudo e resolvi ir para minha casa. O meu copo continuou naquela mesa, estático, porém minhas pernas já estavam tomando um novo rumo: Eu mal sabia o que me esperava.
No caminho de volta, eu deveria passar pela mesma praça, onde a ruiva me olhou pela primeira vez, e adivinha quem encontrei? Era de se esperar caro leitor, que esta história tomasse tal rumo.
Lá estava ela, sentada sozinha no banco da praça, sempre imaginei algo assim, mas imaginei tanto, que quando aconteceu, me pareceu até irreal. Me aproximei, totalmente tremulo:
"-Olá Malory!"
O rosto dela estava coberto de lágrimas, em meio as lágrimas ela esboçou um sorriso.
"-Oi!"
"-O que houve?!"
"-Nada, e nunca vai haver!"
"-Mas, houve alguma coisa, por que está chorando!"
"-Quem é você!?"
"-Eu...Ã..."
"-Esquece vai...Por que está aqui?!"
"-Estou indo pra casa!"
"-E resolveu parar pra ver a 'garota da guitarra' chorar!?"
"-Não, eu..."
"-Desculpa, nem te conheço e estou descontando em você a minha raiva!"
"-Então, você bebe?!"
"-Sim!"
"-Vamos sair então!"
"-Aa...Claro!"


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Malory-Parte III



O vocalista pegou Malory pela cintura, e lhe deu um celinho, neste momento, vi o sorriso de Malory se demanchar naqueles lábios suados. Malory o empurrou, como quem queria dizer "Sai daqui, seu garoto fedido" torceu o nariz, e desceu as escadas do palco. Lá em baixo as amigas a olhavam com cara de quem acabou de ver o final mais lindo de um filme romantico, enquanto Malory, ainda continuava com o nariz torcido, e cara de nojo. Mas porque, qual garota do tipo de Malory não se sentiria feliz por ser a musa do vocalista de uma banda?! Algumas perguntas meus amigos, neste conto, não exigem respostas.
Malory me olhou novamente, tentando ignorar os comentários que as amigas faziam a respeito do ocorrido, e me deu um outro sorriso, dois no mesmo dia, era meu dia de sorte com toda certeza. Sem pensar duas vezes caminhei em direção á ela.
"-Bela Música!"
Novamente ela ficou da cor de seus cabelos.
"-Obrigada"
Neste momento, Malory jogou os cabelos cheios de ondas pro lado direito de seu ombro, e foi a primeira vez que vi a sua nota musical no pescoço.
"-Posso saber o nome da guitarrista!?"
"-Malory!"
A resposta não vinha dela, e sim do vocalista que já tinha descido o palco e estava com a guitarra nas costas.
"-Vamos embora?! Já peguei sua guitarra!"
"-Ah! Claro!" Respondeu a garota "-Tchau!" E pela terceira vez no dia, Malory olhou pra mim.
Aquele dia não podia acabar daquela maneira, eu já sabia o nome da garota ruiva, e sabia também da nota musical no pescoço, queria saber algo a mais.
Naquela noite ainda, fui para um bar com alguns amigos logo após o show. Mas meus pensamentos não estavam naquela mesa, e sim no pescoço de Malory.